segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Carta do Peabiru


Poderes Públicos (executivo e legislativo), associações (ambientalistas, moradores, produtores rurais, empresários do comercio, indústria e serviços), e demais entidades civis organizadas e vinculadas à região da fronteira sul do estado de S. Paulo,

considerando que:
- há milênios a sabedoria indígena fixou a trilha no traçado mais favorável tornando-se até hoje o melhor e mais lógico caminho para circulação na região;
- a importância histórica do caminho do Peabirú-Canha, por ser a estrada mais antiga do Brasil - aberta oficialmente por Pero Lobo sobre a mais importante trilha indígena de existência milenar não pode ser esquecida;
- a região foi preservada por programas oficiais, sobretudo pelo esforço privado e de entidades de atuação local;
- graças a este esforço de atuação local que possibilitou a preservação ambiental desta região, o modelo de desenvolvimento sustentável, outrora embrionário, vem se desenvolvendo para tornar-se modelo no nosso Estado;
- o aumento da preservação ambiental nos últimos anos obtidos no Estado, foi alcançado em nossa região, notadamente pelo esforço da iniciativa privada;
- por questão de justiça a região do Litoral Sul e Vale do Ribeira deverá integrar-se ao desenvolvimento econômico e social do estado de São Paulo;
- para que haja melhoria dos indicadores sociais e econômicos regionais serão necessários investimentos em infra-estrutura que possam viabilizar os projetos de desenvolvimento sustentável, particularmente aqueles de cunho eco-turístico;
- face ao reconhecimento das potencialidades e oportunidades geradas pela preservação ambiental desta região, e do amadurecimento dos atores do processo, a antiga trilha Peabirú – Canha - que hoje se denomina SP-193 - torna-se o melhor eixo lógico para circulação da produção e de fomento às atividades do ecoturismo;
- as mesmas forças que até hoje encontraram condições adversas para o desenvolvimento de um projeto eco-turístico, chegaram a um resultado modelar de equilíbrio entre produção local e preservação, e detêm conhecimentos acumulados destas atividades, não podendo ser dispersos ou mesmo desprezados no processo de planejamento futuro;
- o movimento deve ser encarado como uma política pública multisetorial, com interface nas áreas: social, econômica, ambiental, turística, agrícola, de abastecimento, de integração regional;
resolvem firmar o presente protocolo de intenções nos seguintes princípios:
1. Juntar todos os esforços locais, pessoais e materiais a fim de contribuir para a sensibilização da população local e de outras regiões, e ainda, a divulgação sobre sua importância histórica, ambiental, produtiva e de integração regional;
2. Realizar eventos e campanhas locais que resgatem essa importância em todos os aspectos e a verdade histórica da SP 193;
3. Desenvolver planos que promovam o desenvolvimento sustentável da região e que estejam ligadas ao movimento para a pavimentação da SP 193;
4. Promover a capacitação dos recursos humanos envolvidos nos programas de divulgação da história, patrimônio ambiental, geologia e paisagismo;
5. Participar do planejamento global de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável que objetive a redenção econômica equilibrada com a preservação do patrimônio histórico, ambiental e paisagístico;
6. Propor no âmbito de suas esferas de atuação medidas que consolidem os princípios gerais do plano desenvolvido coletivamente;
7. Participar ativamente da elaboração do plano, colaborando de forma democrática e dentro de suas possibilidades e atribuições específicas com recursos (de pessoal, materiais e financeiros) disponíveis para o sucesso da campanha;
8. Participar ativamente da Comissão do Movimento SP 193; 9. Atribuir ao asfaltamento do trecho final da SP 193 de caráter prioritário de urgência e impostergável. Para tanto firmamos o presente,

José Tarcízio Pereira Presidente da comissão SP 193
Yutaka Ishida Presidente da ACBNIBRA
Nilvana Pasini Ongarato de Oliveira Ass. Com. e Empres. de Jacupiranga
CARLOS ALBERTO PUZZI DIRETOR REGIONAL DO CIESP

Jacupiranga, 03 de julho de 2010.

Rios e estradas

Começarei esta semana, no Quilombo Ivaporunduva, minha tão sonhada viagem pelo Ribeira e Mar Pequeno em busca de suas canoas e tradições.
Aproveito para participar de um evento muito importante que amigos estão promovendo na região.  Vou publicar a seguir algumas coisas que eles me enviaram.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cultura e identidade

canoas caiçaras - Conceição de Jacarei, RJ

O mapa do Brasil foi desenhado pelos que navegaram continente a dentro ao longo de nossas bacias hidrográficas
Em cada região, tipos de embarcação foram criados em função das necessidades locais e da matéria prima disponível.
Aqui sobrevivem técnicas de construção naval da época do descobrimento e até anteriores, como as canoas escavadas em um único tronco ou moldadas em casca de árvore.

Nos últimos anos a qualidade e originalidade do trabalho desses construtores vem chamando a atenção de pessoas de outras regiões e mesmo de outros países que procuram a Bahia, o Maranhão e a Amazônia para construir seus barcos. Enquanto isso, grande parte deste patrimônio cultural está em vias de se perder para sempre.
Wanda Maldonado, em sua tese de mestrado "Da Mata para o Mar..." nos mostra como a construção e uso da canoa nas comunidades caiçaras em Ilhabela, SP, se revestem de importância muito além de questões econômicas e operacionais, sendo parte da identidade do grupo e de seus indivíduos.


Não me parece temerário afirmar que nossa identidade nacional tenha esta cultura náutica como um dos seus principais elementos desde suas mais remotas origens. Documentar, preservar e compreender esta cultura é um meio do povo brasileiro se conhecer melhor. Ações nesse sentido são urgentes e imprescindiveis.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Marinheiros de nascença





Há 500 anos os europeus, portugueses em particular, levaram a arte-ciência da navegação a um novo estágio. Grandes frotas cruzaram os oceanos em busca de riquezas e conquistas. Sob este signo nasce o Brasil.
ilustração de ”Viagem Filosófica…”
Segundo Sivar Hoeppner Ferreira (Nota sobre a Construção Naval no Brasil nos Séculos XVII e XVIII) “A posição estratégica do Brasil em relação à rota da Índia e a abundância de madeira de boa qualidade fez com que, logo nos primeiros tempos, se instalassem estaleiros, não só para reparos nas embarcações, mas também para a construção de novas(…) Tomé de Souza, ao instalar o Governo Geral em 1549, trouxe um grupo de artífices especializados que incluía um mestre de construção, carpinteiros, calafates (calafetadores) e um ferreiro. Como iniciativa oficial, o primeiro estaleiro estabelecido foi o da Ribeira das Naus, ao final do século XVI, também na Bahia, durante o governo de D. Francisco de Souza”.
Com 8000 quilômetros de litoral , uma rede de rios navegáveis de extensão incalculavel e a maior variedade de tipos de embarcações tradicionais do mundo, somos uma nação de navegantes.
Certamente não há outro país em que a navegação tenha sido tão importante na conquista, ocupação e defesa não só da costa como de territórios interiores.

sábado, 21 de agosto de 2010

Árvores e barcos

Há alguns anos estava na Marina da Glória, Rio de Janeiro, admirando a elegância de um veleiro de madeira do tipo que navegava por minhas fantasias desde os tempos de criança. Notei uma placa de bronze no cock-pit, ao lado da entrada da cabine, com alguma coisa escrita em inglês.
Dizia mais ou menos:  “Se Deus quisesse que os homens tivessem barcos de fibra de vidro, teria feito árvores de fibra de vidro.”  Um pouco exagerado, mas os barcos de madeira despertam paixões.
A primeira embarcação talvez tenha sido um tronco de arvore levado pela correnteza de um rio, ao qual o primeiro marinheiro se agarrou para não se afogar. Esta ligação árvore – embarcação é tão forte que, ainda hoje, barcos construídos em fibra de vidro e resina, alumínio ou aço, tem seus interiores revestidos de madeiras nobres.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Canoas Urbanas: 2ª edição revista e ampliada





A canoagem como instrumento de reflexão sobre a represa de Guarapiranga e seu entorno.
Vamos construir 12 canoas e formar uma equipe de ecocanoagem.


Recuperar nossa história, de navegadores de águas interiores, pra entender melhor o nosso presente.

Um pouco de física: Archimedes pra entender por que flutua e Newton pra entender por que anda.


Partindo de um projeto, trabalhar na construção dos meios (barco), e conquistar um novo espaço (represa).
Refletir sobre a importância da represa para a cidade e para cada um de nós.

Pra chacoalhar corpo e mente da garotada do J. S. Francisco e adjacências.
O projeto foi desenvolvido com a ONG SOS Represa de Guarapiranga com base no aprofundamento da percepção de questões ambientais observada nos participantes das atividades da Vento em Popa na Represa Billings.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mensagens em garrafas


Começo este blog me dirigindo a amigos com quem tenho compartilhado velejadas, remadas e, principalmente sonhos. Contarei dos projetos em que tenho estado envolvido nos últimos anos e do que estiver acontecendo de mais importante em relação a estes projetos, na medida do possível, em tempo real.
Escrevo também com a esperança dos que lançam mensagens em garrafas. Apostando no inesperado e bem-vindo interesse e apoio de novos companheiros numa viagem pela "Cultura Náutica Brasileira" em busca de uma parte importante de nossa identidade nacional.